5.12.10

sexto mês: onze dias

ai.
mas que parolada que para aqui vai,
que piroseira absoluta!
que MARIQUICE!!!

peço desculpa pelo último post, escrito por alguém que claramente não estava nas melhores condições psico-socio-económicas (ok, só as duas primeiras, uma vez que toda esta experiência está a ser patrocinada pela dgartes).

bus, seriously, how cheesy was that?

ok, ok, não estou para grandes discursos poéticos hoje, e olho cruamente para posts com floreados e coraçõezinhos nos "i"s, mas isso não quer dizer que me tenha tornado amarga ou fria. tentando ser quão breve quanto possível de forma a evitar possíveis deslizes e rebolões no sentido da cidade das lamechices pegadas, tenho só a dizer que adorei cada bocadinho de todos os 14 dias, 336 horas, 20160 minutos, 1209600 segundos ou algo do género que passámos juntos. o que quer dizer que gostei mesmo muito.

não quero ser insistente, uma vez que disse que não ia escarafunchar no assunto, mas gostei mesmo muito.

e agora que já passou uma semana desde que ele se foi embora, e as coisas à minha volta deixam de estar paradas como aqueles condutores que simplesmente não aguentam não olhar para os acidentes na estrada, e voltam à sua rotina, levando-me com elas, meio contrariada. mas é bom que finalmente ele tenha vindo aqui, que tenha conhecido a minha casa, os meus amigos e as pessoas com quem trabalho, as minhas roupas novas, o meu cabelo 6 meses mais comprido. as coisas de que me rodeio e que criei para mim durante estes tempos, coisas-extensões de mim.

e assim foi, vimos exposições atrás de exposições, dançámos no meio dos Rodins do Met, comemos panquecas, e risotto, e risotto número dois, e bagels e mais bagels, regados com chai lattes pela manhã, para abraçar a cultura e costumes americanos. e ele chocado com a quantidade de lixo que esta gente faz, e eu chocada com o facto de já estar habituada a isso (embora nunca use sacos de plástico no supermercado). É ridículo que, por exemplo, para um bagel de peanut butter (ou outro qualquer, escolhi este por ser o mais americano de todos, a meu ver) em qualquer lado é-nos entregue embrulhado num papel encerado, cortado ao meio e por sua vez embrulhado em papel de prata, que por sua vez repousa numa caminha de quinhentos guardanapos dentro de um saco de papel kraft. e isto é o básico.

definitivamente a vinda do gonçalo fez-me perceber que em breve voltarei para o outro lado do mundo, onde me esperam não só ele, mas todas as outras pessoas de que eu gosto e que já gostavam de mim antes de isto tudo começar. claro que tenho amigos aqui, mas são amigos que sei que dificilmente voltarei a ver e que ficarão portanto presos como etiquetas ou pins num mapa, a este tempo e espaço. mas sim, quero voltar, embora não seja tanto um regresso que sinto, mas uma nova partida, para um novo lugar, quer literal quer metafóricamente.

sair de casa - check
aprender a tomar conta de mim - check
sim, eu tive de facto uma adolescência tardia, já o dizia a minha mãe o que me lixava como tudo. mas é verdade. mas olha, check nisso também, chhhhhheeeeeck com um grande magic marker americano, um super, mega SHARPIE que é coisa que em portugal não há e que mete aquelas canetas molin a um canto. KO molins (ai saudades) que a America fez de mim uma mulher de mão na cintura e nariz não empinado mas, vá, ligeiramente empertigado de quem gosta de si. se bem que na verdade eu acho que já gostava, só que agora tenho (mai) consciência disso.

- bem, ok, muito bonito. mas e o dinheiro de onde é que vem, hã? que frutos é que vão cair desta árvore e quando? e com que balde os apanho? e se deixo cair algum será que aínda o posso comer? e os que têm bichos são os melhores frutos ou os piores?

a voz da consciência outra vez a ver se me assusta com necessidades e manias de querer ter certezas quando eu JÁ LHE DISSE que na vida não as há. raios partam que ela consegue injectar como quem não quer a coisa uma boa dose de pânico e de medo do abismo nos meus mais recentes pensamentos. mas HÁ! ela que venha com os seus truques e manhas, porque eu estou armada de um novo escudo à prova de todos os medos. SIM, eu tinha medo de vir para aqui, de vir morar para a maior cidade do mundo, no pico da sociedade moderna governada por ipods, ipads e hipertensão, sim, MAS tudo correu bem e EU defrontei as adversidades com toda minha bagagem (malas: 1, kg: 21). lutei e venci. pelo que agora possuo o escudo actimel de todos os escudos, a segurança que vem de dentro, que me reconforta à noite e me diz ao ouvido:

vai dormir maria, são duas da manhã e amanhã trabalhas.
pfff