11.11.10

quinto mês: décimo oitavo dia


de vez em quando lembro-me de que estou em nova iorque. é uma sensação estranha, uma mistura de sair do próprio corpo, de ver de longe (quiçá do alto das núvens) passado, presente e futuro todos num só, sem ordem nem prioridade. é aperceber-me, como que acordar, mas acordar para olhar em redor e ver que afinal o sonho é mesmo a sério.

há várias coisas que desencadeiam momentos assim:
- andar pelas ruas, especialmente se forem ruas por onde não costumo andar
- ouvir os músicos no metro (hoje um deles estendeu um microfone imaginário para eu completar o verso da música do michael jackson, ontem outro que cantava blues ao som de uma aparelhagem dedicou-me uma canção e fez-me corar até à raiz dos cabelos)
- ver coisas que só na américa é que se vêem como estes estranhíssimos snuggies, a apoteose do conforto. É que na américa tudo é eficaz, tudo é activo e proactivo, até o conforto. e eu às vezes acho graça mas vezes há (e não são poucas) que não tenho paciencia para a falta de noção e para o facto de esta gente não poder estar mais longe de uma qualquer raiz/origem de carácter natural, ou até animal, atrevo-me a sugerir. Porque para tudo existe uma solução específca, desde o utensílio do abacate que não serve para mais nada senão para cortar o dito cujo, à caixinha presa à trela que contém os sacos para apanhar o cocó dos mais-que-tudo cãezinhos que não ladram nem se queixam de estar ao colo o dia todo, de tão drogados que devem estar. 

Em nova iorque as mães fazem jogging a empurrar carrinhos de bebés.
Os carrinhos de bebés às vezes têm dois bebés de idades diferentes em dois andares, o que é horrível porque um deles tapa a vista ao outro, para além de que esse espaço nos carrinhos normais seria usado para por as malas! não, aqui tem de ser, não há espaço, e tudo cresce para cima à semelhança dos arranhacéus e dos copos do starbucks.

Nem sei bem o que quero dizer hoje. estou cansada e cheia de energia ao mesmo tempo. A cidade consome-me até ao tutano mas enche-me de uma matéria nova, maravilhosa, inacreditável. ainda por estudar, ainda por perceber.

isto vai dar frutos até dizer chega, quer dizer dar já está a dar, mas só quando me afastar é que me vou aperceber da dimensão da mudança que tudo isto representa. e vai-me dar um gozo enorme seguir para o próximo desafio.

itália?

5 comentários:

DonJuan disse...

You go girl!
Beijinho

Anónimo disse...

Também há desses cobertores em Portugal :)

Teresa disse...

e desconfio que esses cobertores têm um chinoca por trás.

Raquel Rosa disse...

Itália??...mmm...cheira-me a ideias nessa cabeçinha efervescente de ideias...?

Anónimo disse...

"uma sensação estranha, uma mistura de sair do próprio corpo" a esta sensação Vergílio Ferreira chamou "aparição" ;o)