este post vai para este outro.
porque nunca é demais enaltecer as maravilhosas qualidades dos que, como eu, escrevem com a mão esquerda.
ah pois!
canhotos,
esquerdinos,
como é que consegues escrever assim?
ah!
ha ha!
sabes que os canhotos são mais inteligentes que os destros?
ouvi dizer que os canhotos vivem menos oito anos que os destros.
ai sim?
sim, porque como são mais inteligentes, esgotam os cartuchos mais depressa.
isto suponho eu, porque dentro de tamanha parvoice, tudo é possível e aparvalho também eu.
mas que me sinto especial, lá isso sinto.
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e agora revelo a verdadeira razão deste post, bem mais original e até perturbante do que possa ter parecido até agora. (embora nunca seja demais enaltecer as maravilhosas qualidades dos canhotos, não sei se já referi).
ora bem, o que se passa é que ao chegar a nova iorque, e à sagmeiste inc. , resolvi substituir o rato que uso na mão direita desde que me lembro de estar sentada à frente de um computador a desenhar no paint, por uma tablet, que para quem não sabe é uma caneta que substitui o rato.
demorei umas duas semanas a habituar-me. passar a controlar o cursor com a mão esquerda não foi assim tão simples. que eu sou canhota de corpo todo, de alma toda (e cérebro, suponho) mas foram muitos anos! e se sabe bem e faz sentido usar a mão esquerda para clicar, arrastar, desenhar no photoshop, o mesmo não posso dizer da mão direita que, assim de um momento para o outro deixou de ter o privilégio de comandar o rato e passou a estar encarregue do teclado. escrever escrevo com as duas, mas se estou no illustrator, todos os comandos, combinações complexas de duas ou mais teclas, são agora responsabilidade da mão número dois. desculpa aí pá, não leves a mal, mas a esquerda... é a esquerda!
lá me habituei.
tirei o rato da secretária e selei assim o momento.
uma noite, quis trabalhar em casa num ficheiro no qual tinha estado a trabalhar no estúdio. tenho um macbook, e para o uso que lhe dou, o rato é quase desnecessário, servindo o trackpad. mas para trabalhar no illustrator, lá tive de ir buscar o rato à gaveta.
foi então que aconteceu.
o meu cérebro entrou em parafuso, confuso, entalado, enrolado, emaranhado, assolapado, surpreendido, bloquea-a-a-a-a-a-a-a-a-ado.
porque de repente não sabia que mão usar.
caneta na mão esquerda faz algum sentido porque tem uma forma e manuseabilidade ao qual estou habituada (ainda mais agora que passo o tempo todo a desenhar)
mas rato na mão esquerda?? onde é que isso faz sentido na minha cabeça?
aonde?
desconfortável.
comichão mental.
como não ter posição à noite para dormir (mal de que felizmente nunca padeci, eu que durmo que nem uma pedra em qualquer cantinho, e até sonho no metro).
viras-te para um lado, viras-te para o outro, levantas-te, vais fazer chichi, voltas, o mesmo. vais beber água, voltas, o mesmo. que horror.
alternei de uma mão para a outra, experimentei o trackpad, mas era difícil para fazer selecções e ao mesmo tempo executar shortcuts complicadas, uma espécie de origami com os dedos, todos encavalitados.
ou melhor, um jogo do twist, aquele que é assim meio pornográfico quando se pensa bem nisso. ainda que nos filmes apareça sempre como algo super inocente, como se até eles se espalharem um em cima do outro não tivessem pensado nisso. bah, odeio filmes de balde de gelado (ai ai o que me apetecia um santini agora)
pois bem, solução? comprar uma tablet para usar em casa, dizer adeus aos ratos.
e é engraçado que tenha acontecido aqui, porque nova iorque está impestada deles. todas as noites são famílias inteiras de ratazanas a passear pela rua de mão dada, sem qualquer consideração pelas pessoas que estão a seguir o seu caminho descansadas da vida. uma vergonha.
nada mais tenho a acrescentar por hoje.
e sim, voltei ao meu ritmo de antes, a sair do trabalho antes das 9 da noite! yupiiii!
Robe à la Française
Há 6 anos