13.7.10

primeiro mês: décimo sexto dia

De novo com a minha bicicleta na cidade! Segunda-feira e lá vou eu a zarpar para começar uma semana novinha em folha cheia de energia! O calor terrível que se fez sentir na semana passada e que não me deixou dormir (a não ser com uma toalha molhada em cima no pior dia) passou e com ele foi-se também a moleza. Toca a acordar para a vida! E agora que aparafusei a nova campainha (vou tirar uma fotografia em breve!) toca também de acordar os peões que se deixam dormir e vão para a ciclo-via olhar para o dia de ontem! trrrrrrrrriiiiiiimm!!! vummmmmmm!!! lá vou eu e com tanta onomatopeia quase pareço saída do manifesto anti-Dantas! Bolas nem acredito que o Almada só tinha 23 anos quando o escreveu! O que é que se passa hoje em dia com as pessoas do nosso país? ficou tudo mais preguiçoso ou quê? Saímos mais tarde de casa dos pais (olhem para mim...) e dizemos que é a crise e tal! Crise crise é aqui nos estados unidos onde TODOS os alunos universitários estão endividados até à ponta dos cabelos simplesmente porque estudar é absurdamente caro. E no entanto estudam, e trabalham se for preciso em dois ou três empregos no verão e aos fins-de-semana e quando chegam à idade de ter filhos com sorte já pagaram tudo. Acho inadmissível que assim seja, longe de mim defender este sistema! Mas começo a sentir alguma vergonha alheia quando penso que as pessoas novas do meu país se mexem pouco. Reformulo: Parece-me a mim que se mexem pouco. Visto de fora, visto de uma perspectiva global, no grande panorama das coisas. de uma forma geral que deixa sempre de fora casos particulares. E atenção que estendo a crítica a mim mesma. porque sinto que comecei tarde, apesar de tudo. porque designers com a minha idade noutros países fazem estágios de 3 meses em inúmeros ateliers enquanto estudam. quando finalmente acabam a faculdade estão muito mais preparados para o mercado de trabalho e saem já com um currículo que lhes permita ter, nem que seja pela primeira vez, um trabalho bem pago.
Um dos designers que trabalha comigo é Sueco. A universidade para ele foi à borla. nem sei o que dizer, sinto que estamos a anos-luz de lá chegar. Agora que aqui estou, e à medida que vou conhecendo pessoas de outros países e as suas histórias, percebo como são diferentes os funcionamentos de cada país e o quanto isso tem influência nas oportunidades a que temos ou não acesso.

2 comentários:

Teresa disse...

se calhar nós (portugueses) começamos a mexer-nos mais quando saímos do ninho. se calhar falo por mim, ou então não, que nunca me conheci no mercado de trabalho em Portugal (o estágio não conta, nem os trabalhecos de brincar ao part-time)
se calhar precisamos de uma motivação diária de querer continuar longe para nos mexermos. em casa é tudo tão confortável e tão garantido, supostamente, que vamos ficando mais lentos. será?

p.s.: SUECOS. YUMM.

hpc disse...

É verdade que tinha dado jeito (para algumas coisas) nascer sueco ou dinamarquês mas pens bem, Maria... podias ter nascido guineense.

Mas tens toda a razão, as oportunidades são muito diferentes para cada um. Mais uma razão para agarrar com força as que surgem e procurar as que teimam em não surgir.

Beijinhos.