13.7.10

primeiro mês: décimo quinto dia

acabei de me aperceber de que não faz muito sentido escrever "primeiro mês: décimo quinto dia" porque afinal de contas o primeiro mês já passou e agora estou no segundo... mas para já não me apetece mudar.

apetece-me é contar que no domingo fui ao Metropolitan Art Museum, que vi Arte Antiga Egípcia, Grega, Romana, e por fim chegada à seccção de Arte Moderna, deliciei-me com obras que tantas vezes vira em imagens, livros, sites. Dalí, Miró, Chagal, Picasso, Andy Warhol! o impressionante tubarão do Damien Hirst! 

Lembro-me das discussões acesas que tive sobre esta peça mas ao vivo é tão forte que quase-quase-quase sinto que está justificada por si só. Como pode não ser arte se nos faz sentir algo assim tão forte, se nos desperta e aguça os sentidos? é polémica sim... e agora estou ainda mais dividida porque embora acredite que um aspecto importante na criação da obra de arte esteja na criação de um novo contexto (tubarão num tanque exposto numa galeria; urinol numa galeria), por outro, não defendo que então deixem de haver limites e tudo o que se faça possa ser entendido como arte desde que esteja numa galeria ou desde que algum coleccionador o queira. sinto-me altamente leiga neste âmbito, mas intriga-me, quero chegar a uma opinião e não consigo. uma mente formatada para as ciências que só recentemente se voltou para o meio criativo. estudei engenharia do ambiente e mudei para design no fim do primeiro ano por acreditar que enquanto comunicadores, os designers teriam um maior poder para mudar o mundo. 

Mas na verdade o que me interessavam eram os mesmos assuntos que me tinham levado a estudar biologia e química. só recentemente comecei a ter contacto com arte e a pensar a arte enquanto algo útil. e não fútil como pensava antes, atrevo-me a admitir. Sempre desenhei desde que me lembro de existir e no entanto pensava que desenhar não servia para nada. hoje penso em trabalhar como ilustradora porque, bem vistas as coisas, é o que me dá mais prazer fazer.

Fundamentalmente toda esta procura interior resulta de uma maior busca do sentido da vida. e não consigo deixar de me rir para mim quando escrevo isto e me vejo transportada para o hilariante filme dos Monty Python com o mesmo nome. Mas mais que a procura por uma resposta, estou interessada é em saber qual é a pergunta. será que a questão ao qual devemos dar resposta na vida é mesmo: o que é que nos dá prazer? 

O meu coração acelera quando vejo documentários da vida selvagem mas também atinge ritmos alucinantes quando me deparo com um quadro do Pollock, independentemente de ele ter querido dizer algo de importante ou não ao pintá-lo. Será o 'sentir' um indicador mais fidedigno de que estamos realmente em contacto com o que nos faz mais felizes? Acredito que sim (depois de muito insistir no não).

4 comentários:

Lia Ferreira disse...

Like it! :)

Anónimo disse...

uma obra de arte existe qdo é fundamentada, nem q seja pela sua própria existencia. confuso?

boa sorte p o teu trabalho!

diverte te em nova iorque!

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josephine

Unknown disse...

olá josephine,
obrigada pelo comentário.

confusa ando eu com esta coisa dos limites da arte. não sei se algum dia vou sossegar. se calhar a resposta é que depende dos olhos de cada um. arte não é um atributo como cor ou cheiro. embora o que dizes me interesse e intrigue, no fim de contas sinto que ainda não me chega! parece-me que a questão dos limites da arte é grande e complexa de mais para poder ser sintetizada numa frase.

posso perguntar se tens algum livro que me aconselhasses ler?

obrigada!
maria

Anónimo disse...

ola maria.

estas questoes remetem se mais para o campo da critica da arte, a qual engloba temas da historia, teoria e estetica. um dos meus autores favoritos continua a ser Arthur Danto, provavelmente deves conhece lo. é um filosofo e critico de arte norte americano ja antigo, mas que p mim continua a ser um visionario nestas questoes. um dos primeiros livros que li foi The End of The Art, de 1984, que se ainda nao leste poderas dar uma olhadela primeiro.
depois seguem se outros tambem interessantes, After the End of The Art (1997), The Abuse of Beauty (2003). estes foram os que eu li. mas se fizeres uma pequena pesquisa encontraras mais recentes.

boas leituras.

josephine

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