no quinto dia fui ao jardim botânico. ou terá sido no sexto?
o tempo voa porque entretanto comecei a trabalhar antes mesmo de estar instalada. ainda 'perco' tempo a olhar para tudo atentamente, a ouvir, a cheirar (embora não cheire muita coisa) mas acima de tudo, a sentir.
vou e vejo, ou às vezes vejo sem precisar de ir. e o que vejo faz-me sentir, e o que sinto faz-me pensar, desperta-me novas ideias, novas questões. não sei quantas vezes mais terei esta sensação. esta mesma de descobrir tudo. de ter medo e de o conquistar. ou simplesmente ver que às vezes não vale a pena porque as coisas se resolvem. aprender: a pedir ajuda - a aceitar ajuda. sentir muitas muitas coisas. ver muitas muitas coisas. não ver nada e no entanto continuar a sentir algo novo.
difícil é estar parado. difícil é ficar preso pelo medo de dar um passo. porque o terror nos consome e andamos ali entre a vontade de espreitar e o medo de falhar. ando aqui a descobrir que falhar afinal não é tão difícil, e é preciso. com os erros se aprende.
lista:
comi panquecas americanas ao pequeno almoço. eram boas optimas mas não consegui comer todas
comprei um frisbee por $1 numa das milhares de Stoop sales que há no meu bairro. stoop sale é quando alguém vai para a porta de casa e vende montes de coisas que já não precisa por muito pouco dinheiro. uma espécie de feira da ladra. também se vê imensa coisa em caixotes, livros, objectos e até móveis que simplesmente são oferecidos a quem os quiser.
comprei flores amarelas para pôr no quarto mas ainda não desfiz a mala totalmente. não sei o que significa... alguma interpretação esotérica?
fui ao cinema e o chão não era inclinado. as pipocas sabiam a manteiga e o bilhete foi caríssimo. mas valeu a pena (Micmacs de Jean-Pierre Jeunet)
fiquei tão contente por ver que as pessoas distribuem sorrisos na rua que sorri a um cão. mas ele não mo devolveu.
comi wraps ao almoço a semana inteira e ainda não me fartei. também não sou eu que pago.
perguntei ao senhor quantos ingredientes podia escolher para por dentro do wrap e ele disse: todos os que quiser.
não sei se o facto de o rapaz do banco me tratar por 'dear' quer dizer que é bem educado ou se se está a atirar a mim.
estou fascinada com as folhas da impressora em tamanho Letter.
sou a única pessoa que não tem um iphone e que se perde no meio de prospect park por esse mesmo motivo.
também devo ser das poucas que acha que pode facilmente atravessar o prospect park só porque saiu na estação de comboio do lado oposto. e acaba por se perder depois de passar meia hora a andar por entre lagos e cascatas. começa seriamente a pensar na possibilidade de chamar um táxi para a tirar dali, e quando finalmente chega ao lugar do piquenique, não está lá ninguém. porque o piquenique estava combinado para o dia a seguir, mas disso só se apercebe quando chega a casa.
fui ao piquenique no dia certo e foi fantástico. só já não tinha morangos para levar porque os comi todos no dia anterior enquanto procurava pelo piquenique; enquanto desistia de o procurar e provavelmente ainda alguns quando dei por mim a concluir que não queria ter nada a ver com pessoas, em geral.
embora aqui em casa se tire os sapatos à entrada, dei por mim a ter de voltar duas e três vezes atrás para ir buscar algo que esqueci de manhã, e não os tirei. Ainda assim, em minha defesa gostaria de acrescentar que andei quase colada à parede. é o meu caminho secreto agora.
ainda não acredito que estou a trabalhar para a Sagmeister inc. ainda não acredito que estou aqui.
fiz listas de compras e deixei-as na secretária
comprei nabo a pensar que era beterraba
comprei um pão enorme e não o comi
comprei um pão pequeno e não o comi
tenho um alho no meio do quarto
não sei se o papel higiénico é caro ou barato. deve ser caro.
passei meia hora em agonia a tentar escolher cereais para o pequeno almoço
dormi com a ventoinha ligada e tapada com um edredon de inverno por preguiça de o tirar
aprendi as regras do baseball por alto
vi jogar baseball e não percebi nada
percebi que nunca aprendi a ser designer em inglês
e que aqui tudo é enorme: os carros, os wraps. as pessoas é que são magrinhas.
não são as novaiorquinas que aguentam sapatos mais altos, são os sapatos que são altamente forrados e almofadados com coisas hi-tech
não me sinto nada sex and the city. se calhar mais o diabo veste prada, quando ela anda de um lado para o outro cheia de cafés e coisas.
o jet lag passou, que pena.
nos últimos dias fiz muito mais do que aqui escrevi. só ainda não processei tudo.