9.6.10

décimo quinto


acordo às sete e meia, tomo banho, como muesli e falo no skype. às oito da manhã é uma da tarde em portugal. estou cheia de sono, mas é a melhor, senão única hora do dia para falar com amigos, família, namorado... à noite tenho por vezes a sorte de encontrar uma ou outra amiga noctívaga disponível para longas conversas pontuadas de gargalhadas que nos ligam como nenhuma rede wireless o pode alguma vez fazer.



Saio de casa às nove, nove e tal, e ando três quarteirões, três e tal até ao metro, onde apanho o 2 ou 3 até manhattan. volto à superfície e estou em chelsea. a calma e natureza do meu bairro trocadas pela confusão de táxis a voar rua acima rua abaixo e pessoas a correr de café numa mão, iphone na outra. aqui já poucos distribuem sorrisos. mas é mesmo assim, e não levo a mal. não que sejam outro tipo de pessoas. são as mesmas, só que vivem em bolhas que as afastam do tempo e lugar onde se encontram. nova iorque às vezes dá ares de janela para o futuro. basta andar de metro...

chego ao número 206, partilhado com um piroso salão de manicure e massagens oriental, vejo o correio e subo até ao 4º andar. lá estão o stefan, o joe, a jesse, o phillip e mais recentemente o casper, outro estagiário como eu. para um atelier tão pequeno, os projectos que tem em mão são enormes e como tal, ao chegar foram-me atribuidas muitas responsabilidades. comprar fruta e mercearias, receber clientes, tirar cafés, ir aqui e acolá, comprar pacotes de rolos de papel higiénico, encomendar almoços, ir ao correio, pôr o lixo no monte de sacos do lixo do hotel chelsea sem o porteiro ver, e... fazer o redesign de uma grande empresa!

não me importo nada de ter um sem fim de tarefas não ligadas ao design. e só penso no bom que foi ter trabalhado nos quiosques de refresco antes de vir para cá. ganhei muita estaleca, e aprendi muito, especialmente com as pessoas que encontrei, vindas de toda a parte, de todos os contextos. percebi que não eram tão diferentes como pensava. todas gostavam de café.


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