décimo sétimo ao vigésimo segundo

tempo tempo tempo. tempo que não tenho e gostava de ter para escrever e contar tudo o que tenho feito. condenso num só post quase uma semana inteira e aproveito para parar um bocadinho, só para retomar o fôlego e mergulhar uma vez mais, perder-me uma vez mais nesta nova e agitada casa/cidade/vida.

olho para dentro por momentos, e mal me recolheço, como se ao mudar a paisagem que me rodeia, tivesse mudado também a paisagem que guardo em mim. se bem que na verdade não sei bem se não são antes os olhos com que vejo uma e outra, que são diferentes. ideias demasiado confusas que apenas são claras ao ilustrar o sem fim de emoções novas e 'pouco claras' que circulam pelo meu sistema. devo andar com os chakras aos saltos, com tanta emoção. toda eu sou uma mesa de pinball em alta actividade e tremeliques. plim plim plim!

lista de alguns pensamentos novos:

- sair de casa dos pais não é só saír de casa dos pais, é literalmente ganhar asas e voar. e ter medo de cair, o que é uma possibilidade real dado que voar não é pêra doce. quando ainda se está no ninho não se pensa lá muito nisso.

- sair de casa dos pais devia ser proibido depois dos 20 anos. parece que quanto mais tarde mais difícil, como aprender uma língua nova. sinto as ligações neuronais todas a ranger e a quebrarem-se e a fazerem novas com neurónios diferentes. parece que voltei à primeira classe. (nunca me lembro como é que se diz coentros em inglês, raios).

- sentir-me mais adulta parece vir associado a uma nova vontade de querer viver a minha idade real. viver sem estar a correr a caminho de nada senão do presente faz-me sentir que quero mesmo vive-lo. o que é novo, daí estar nesta lista.

- se calhar quero continuar a arriscar daqui para a frente, mais e mais. aqui é fácil: escolher uma fatia de pizza e correr o risco de ser mais dura que uma sola de sapato, alugar um quarto, comprar uma bicicleta nova, dizer uma piada numa segunda língua.

- viver intensamente por um lado e escrever sobre o que se viveu por outro é mais difícil do que pensava. sou ambiciosa nos dois e se pudesse não dormia durante estes 8 meses.

sexta, décimo sétimo dia

concerto William Basinski, passeio pela ponte de brooklyn e financial district.

sábado, décimo oitavo dia

o meu bairro encheu-se de pessoas a ver o jogo dos estados unidos. eu preferi ve-los a eles. 

quando me fartei fui comer uma sopa de abóbora e gengibre e beber uma limonada enquanto investigava o NY BIKE map e chagava à conclusão de que é preciso ser maluco para andar de bicicleta em manhattan. 

descobri algo muito parecido com os quiosques de refresco mesmo ao pé de casa e aos pés da maravilhosa Brooklyn Public Library, onde me fiz sócia e de onde saí de sorriso de orelha a orelha (e 3 livros debaixo do braço). 

pausa para um copo de vinho branco no terraço.

acabei o dia com um jantar maravilhoso em casa de uma  nova amiga e de uma ainda mais nova amiga. o sushi de uma, crumble de ruibarbo de outra, e o gelado de doce de leite que levei catapultaram o jantar para o paraíso dos melhores jantares de todo o sempre. fiquei a dormir lá e de manhã...

domingo, décimo nono dia

... panquecas de banana e leite de côco com gelado! a raquel é a flip master das panquecas de domingo! (as minhas foram ficando cada vez mais raquíticas). ainda assim, quer tivessem olhos ou formas peculiares, todas elas estavam deliciosas. quero mais!

chego a casa e reencontro os meus novos companheiros de quarto (e futuramente de metro) que estou desejosa de conhecer. um deles, vim a descobrir, é meu vizinho, em prospect heights. adivinhem qual!

vigésimo dia, vigésimo primeiro dia, vigésimo segundo dia

o fim de semana acabou. mas nem por isso deixo de passear. segunda não passeei, mas ontem terça fui até ao lower east side, comi uma fatia de pizza que parecia conter a floresta amazónica, e rodeei-me de pessoas, como se não fossem 10 da noite de uma terça feira à noite. quarta feira, hoje (ufa consegui aqui chegar) saí do trabalho e fui até chinatown ao bike festival depois de dar um saltinho a uma livraria em union sq que tem uma secção de arte e design maravilhosa! o festival era afinal uma festa de lançamento numa discoteca onde nos pediram o bi à porta e onde demos por nós a dançar às 9 da noite numa pista de dança escura com fumo e luzes psicadélicas ao som de micheal jackson.

a chuva assinala o fim deste post demasiago grande, demasiado pequeno. nunca consigo escrever pouco, mesmo quando na minha cabeça me parece que consigo contar tudo em poucas linhas. depressa me apercebo de que nas entrelinhas é que está a verdadeira história que quero contar.