25.6.10

vigésimo nono, trigésimo

no vigésimo nono dia acordei e não sabia bem se havia de pegar na bicicleta outra vez. ok, foi divertido mas também não sou tontinha. por outro lado não me saía da cabeça aquele ditado que diz que se cairmos de um cavalo devemos montá-lo de novo logo a seguir. algo do género. assim foi, e desta vez, sem chuva, sem preocupações (a não ser uns buracos enormes que pisei). No fim do dia até decidi dar uma volta pelo centro, fui até union square à Strand, uma livraria fantástica que segundo o site oferece um serviço de venda de livros ao metro, só para decoração das estantes. estes americanos são malucos. comprei um livro que espero sirva de empurrão para uma nova etapa. se calhar constitui mais um acto de procrastinação, de adiar o momento em que terei de arregaçar as mangas e deitar mãos à obra, arriscar, acreditar e deixar-me de mariquices. possivelmente é disso que se trata, mas pensei muito bem antes de o comprar e acho que ainda assim é um livro útil e cheio de recursos. já tinha outro da mesma colecção. as edições são optimas, por isso não estou nada arrependida. para além disso estava em promoção, o que posso mais querer? (nota: devo explicar que todas estas justificações são consequência de um grande defeito meu, forretice!!!)

no trigésimo dia fui pela primeira vez a uma aula de yoga, no coração de manhattan. eu e uma colega-potencial-amiga de trabalho arranjámos maneira de eu ter um passe especial de três dias no ginásio espectacular dela e lá fomos nós a seguir ao trabalho, todas contentes por termos um motivo para sairmos a horas, toda contente eu por ter um programa com uma verdadeira novaiorquina. mais um bocado e estavamos a beber cosmopolitans numa pausa de compras em lojas caras. até que o meu lado anti-consumista, anti-sexo-e-a-cidade me desse um estalo na bochecha que me trouxesse de volta à terra. ok, não é preciso agora voltar a comer carne e usar estolas e saltos de 20 cm, mas também não há nada de errado nuns miminhos. essa coisa de que uma pessoa não pode tomar conta de si, olhar por si, gostar de si em prol de uma maior consideração pelo outro é coisa do passado. eu cá acho que para para podemos dar mais de nós temos mais é que dar primeiro a nós mesmos. ora bem.

mas na verdade o que eu dei foi o litro.
que isto do yoga em nova iorque não é como o yoga que eu conheço de lisboa, e eu até já tive mais do que um professor e alguns bem diferentes. qual relaxar? qual respirar fundo, qual quê? perna para cima! equilíbrio, um dois três! e salta (saltar? no yoga??) para a posição de cão não sei o quê, e ATIRA a perna para trás e puxa com o braço. respiiiiiiiiiiiiiiira! um dois três!!

eu nem queria acreditar naquela aula que mais parecia uma aeróbica com pacote bio aldrabão que diz que só tem 120 calorias quando na verdade está cheio de químicos. essa é outra, mas fica para depois.
quando finalmente o professor nos manda deitar no chão pensei: ahh, ao menos agora posso ficar quietinha, relaxar sem este stress todo das posições, fazer tudo como estou habituada, aliás, não fazer nada, largar. até que começo a reparar na música techno que vinha de fora da sala. imaginei as pessoas nas máquinas, stress stress stress. metas, objectivos, eficácia, performance! todo o tipo de coisas que não me interessava ter em consideração naquele momento. impossível.

quando saímos da aula e a jesse me perguntou o que eu tinha achado disse-lhe que tinha gostado mas que tinha achado que era um bocado acelerada. "a sério??" respondeu surpreendida. "é que eu passei o tempo todo a pensar que aquela era a aula mais lenta que já tive".
 



felizmente existem lugares protegidos do caos. onde posso respirar fundo e sorrir feita parva, feita apaixonada sem vergonha de o mostrar. e porque não?

6 comentários:

M. A. Gomes-Fernandes disse...

Oi Maria: pois nunca deves ter feito yoga a serio, parece-me!!! O que descreves parece-me ser o tipo de yoga que conheço!!! Sucesso.
Gosto mt mt de ler o teu blog. Bjins
M

Anónimo disse...

olá Maria. Descobri o teu blog através do Bissau-Lisboa-Bissau e desde então que o leio! :) D/escreves com tanto entusiasmo a tua vida por nova yorque que parece que a vivemos também. Que bonita que estás no vídeo, um aceno de mão para ti também :)

ps. reparei na tua bicicleta (linda) e paaaaareceu-me que não tem mudanças. Verdade? Como consegues por aí??

Carolina. viana do castelo

Unknown disse...

olá Carolina! que bom, sabias que a autora do Bissau-Lisboa-Bissau é a minha avó? :) é verdade!
obrigada, fico mesmo feliz por gostares, era exactamente isso que queria, que todos vivessem comigo esta aventura!
a bicicleta que viste é da minha colega de casa. ela disse que eu a podia usar desde que comprasse um cadeado, e assim fiz! adoro-a é linda!! e, surpresa! a verdade é que tem mudanças sim! eu também achava que não, até que vi com mais atenção... no guiador do lado direito, se rodar o punho ela alterna entre 3 ou 4 mudanças. ajuda imenso, especialmente na ponte!! mas sabes, na verdade é mais uma mariquice e nao é essencial. nova iorque é praticamente uma planicie alentejana!! ahaha
esta semana nao vim para o trabalho de bici porque tem estado muito muito calor (e infelizmente não existe nenhum chuveiro no trabalho!) mas agora está mais fresquinho e se calhar amanhã já venho de novo!
sim, estou agora no trabalho, quase quase a ir para casa... desejosa de actualizar este blogue que já vai um bocado atrasado na história!!

até breve!
maria

Unknown disse...

ah, Malicha, acho que tens razão, é que depois fui ver e esta aula chamava-se Warrior Yoga!! ahaha lá guerreira foi ela... e as dores no dia seguir também atacaram com força!

beijinhos da maçã!


(descobri que as cenouras eram brancas antigamente e depois passaram a laranja por ser a cor da bandeira holandesa. sabias disso? posso entao dizer: beijinhos da maçã para a cenoura? haha)

Unknown disse...

ups nao a cor da bandeira mas a cor nacional associada a holanda. será?

oh, ja estou a divagar alguém ponha um travão nisto!

My One Thousand Movies disse...

Muito interessante o blog, e obrigado pelo comentário ;)